Alternativas às aplicações em cash em tempos incertos
Alternativas às aplicações em cash em tempos incertos
Quando os bancos centrais iniciaram o último ciclo de aperto de juros, um nível significativo de incerteza surgiu nos mercados. Essa incerteza foi amplificada pela inflação elevada, causando maior volatilidade e desempenho inferior em todas as classes de ativos, com exceção dos títulos de curto prazo (cash) Neste contexto, a cautela fez com que investidores alocassem grande parte de suas carteiras em cash.
No entanto, é preciso avaliar se deixar dinheiro parado nesses instrumentos é realmente a melhor decisão, especialmente quando os bancos centrais começam a baixar os juros de curto prazo. Os investidores não podem travar as taxas atuais por longos períodos. Portanto, buscar alternativas como a renda fixa internacional com hedge cambial pode oferecer rendimento adicional, diversificação e resultados positivos mesmo em mercados com condições difícies.
A evolução da curva de juros
As curvas de juros nominais se inverteram após os ciclos de aperto nos EUA e no Brasil (Figura 1), porém o mercado está precificando uma eventual normalização.
Figura 1: Taxas atuais e a termo nos EUA e no Brasil
Em 31 de janeiro de 2024. FONTE: Bloomberg, PIMCO. Os horizontes de 1 ano e 5 anos pressupõem realização das taxas a termo. Apenas para fins ilustrativos.
A curva de juros representa o rendimento dos títulos públicos de diferentes vencimentos. A curva de juros se inverte quando os títulos de curto prazo estão pagando taxas maiores do que os papéis de longo prazo. Esse fenômeno geralmente ocorre no meio e no final de um ciclo de aperto. Mas quando o ciclo de aperto terminar, a curva poderá se normalizar mais rápido do que se imagina. À medida que a curva de juros se normaliza, os rendimentos dos títulos de curto prazo podem cair rapidamente, diminuindo o retorno esperado desses instrumentos.
O custo de oportunidade das aplicações em cash
Quando a curva de juros se inverte, os investidores frequentemente alocam parte significativa de suas carteiras em títulos de curto prazo. Isso ocorre por três razões. Primeiramente, a trajetória dos preços dos títulos durante um ciclo de aperto pode causar estragos e os investidores podem ter enfrentado uma reprecificação negativa de seus títulos de longo prazo quando a curva se inverteu. Em segundo lugar, isso costuma ocorrer em períodos de grande incerteza, o que provoca volatilidade acima do normal nos rendimentos dos papéis de longo prazo. Por fim, taxas mais altas nos títulos de curto prazo naturalmente oferecem rendimentos mais elevados – durante pouco tempo, pelo menos.
Mas é importante avaliar as consequências da normalização da curva de juros. Quem investe apenas em papéis de curto prazo provavelmente irá reaplicar a taxas mais baixas e perderá a oportunidade de travar taxas atrativas por períodos mais longos.
No Brasil, existe a opção de investir no CDI com prazo de 1 dia e sem risco de duration,, que pode parecer atraente quando o CDI está rendendo dois dígitos. No entanto, essa aplicação não garante retorno elevado a longo prazo. Por exemplo, um investidor que comprou um título atrelado ao CDI em 25 de maço de 2024 e vai manter a aplicação por um ano receberá 10,65%, presumindo que o Banco Central não mexa nos juros. Se a autoridade monetária baixar os juros durante o ano, o investidor receberá uma taxa menor. Atualmente, o mercado espera que um investimento de um ano no CDI gere retorno de 9,75% — e não 11,65%.
Diversificação: explorando o mercado internacional de renda fixa
Os investidores brasileiros podem investir em renda fixa internacional com hedge cambial, agregando potencial de rendimento e diversificação às suas carteiras. Historicamente, o diferencial de juros entre Brasil e EUA é positivo, com média superior a 6% desde 2011. Esse diferencial de juros representa o rendimento adicional que os investidores brasileiros recebem além do investimento internacional quando o hedge cambial está em vigor (Figura 2). Embora o diferencial atual esteja menor devido aos juros altos nos EUA, a expectativa é de normalização e volta à média nos próximos anos (presumindo realização das taxas a termo praticadas hoje) à medida que as curvas de juros retornam ao formato típico com inclinação para cima.
Figura 2: Diferencial de juros entre EUA e Brasil destaca oportunidades de diversificação internacional
Em 31 de janeiro de 2024. Fonte: PIMCO. Apenas para fins ilustrativos. Os números não são indicativos dos resultados passados ou futuros de qualquer produto ou estratégia da PIMCO. Não há garantia de que os resultados apresentados serão atingidos.
1 O diferencial de carry é a taxa de desconto a termo de 3 meses anualizada do real em relação ao dólar (positiva se o câmbio a termo for mais barato que o câmbio à vista). O diferencial de carry previsto é o diferencial anualizado da taxa de 3 meses de instrumentos de curto prazo do Brasil e dos EUA implícito em cada cenário de curva de juros, mais uma base de moeda cruzada que segue um processo AR(1) de reversão à média estimado a partir de dados históricos.
O cenário em que “os juros permaneceram ancorados por mais tempo” pressupõe que os choques de juros ocorrem em 0,5x magnitude implícita nas curvas a termo. O cenário em que “os juros se normalizam mais rapidamente” pressupõe que choques de juros ocorrem em 1,5x magnitude implícita nas curvas a termo.
A diversificação é outra vantagem do investimento em renda fixa internacional, que historicamente tem correlação muito baixa com os ativos brasileiros, proporcionando mitigação adicional de risco. Além disso, os investidores frequentemente transferem recursos para renda fixa internacional em momentos de tensão no mercado – o que significa que a renda fixa tende a gerar retorno positivo quando os ativos arriscados têm desempenho inferior.
Teste de estresse para os próximos 12 meses
Em uma carteira diversificada de ativos internacionais de renda fixa, três fatores principais determinam o retorno: carrego, movimentos nas taxas e movimentos no spread.
O carrego é definido principalmente pelo rendimento da carteira. Para analisar os resultados potenciais, conduzimos uma análise de cenário para avaliar o impacto dos movimentos de taxas e spreads sobre um fundo médio de renda fixa multissetorial da Morningstar, presumindo que os investidores brasileiros fazem hedge da exposição cambial.
Para os movimentos das taxas, estressamos a taxa do título do Tesouro americano com prazo de 10 anos em cinco cenários diferentes, que vão desde uma queda de 100 pontos base até uma subida de 100 pontos base (Figura 3). Para movimentos de spread, estressamos o spread dos papéis high yield dos EUA com um aperto de 150 pontos base até uma abertura de 300 pontos base. É importante ressaltar que a taxa atual da Treasury de 10 anos está no percentil 95 (conforme uma década de dados históricos) e que um acréscimo de 100 pontos base representaria um nível acima do percentil 100. Da mesma forma, os atuais níveis de spread dos títulos high yield estão no percentil 21 e uma abertura adicional de 300 pontos base representaria um nível no percentil 94. Para garantir uma análise abrangente, consideramos diversos cenários que podem ocorrer nos próximos 12 meses.
A partir da análise de 50 cenários, uma carteira com instrumentos de renda fixa internacional e hedge cambial teria retorno superior a 9,75% em 60% dos casos em um período de 12 meses. Ou seja, em 60% dos cenários o investimento em renda fixa internacional com hedge cambial superaria o retorno esperado de uma aplicação de um ano no CDI. Vale ressaltar que apenas um dos cenários analisados gera retorno negativo.
Figura 3: Teste de estresse de uma carteira diversificada internacionalmente e com hedge cambial 1 – resultados potenciais
Em 31 de janeiro de 2024. Fonte: PIMCO, Morningstar. Apenas para fins ilustrativos. Os números não são indicativos dos resultados passados ou futuros de qualquer produto ou estratégia da PIMCO. Não há garantia de que os resultados apresentados serão atingidos. Retorno estimado em 12 meses por setor de renda fixa sob diferentes choques de taxas 1 Multissetorial: Categoria de títulos multissetoriais da Morningstar. Retorno total estimado durante o próximo ano se os choques dos fatores de risco ocorressem hoje. A análise inclui o carry atual da carteira durante um ano, mais retornos gerados por choques simulados de fatores de risco. Não considera mudança de posicionamento de gestores/índices; os fatores de risco permanecem constantes. O retorno do hedge cambial corresponde a contratos a termo rotativos de 3 meses. Os choques são propagados para outros fatores de risco (por exemplo, os setores de spread contribuem positivamente quando as taxas sobem). Não há qualquer representação de que esses cenários sejam prováveis ou que qualquer carteira tenha probabilidade de obter lucros, perdas ou resultados semelhantes aos apresentados. O cenário não representa todos os resultados possíveis e a análise não leva em conta todos os aspectos do risco.
É fundamental avaliar cuidadosamente suas opções de investimento quando os ciclos mudam. Embora cash pareça uma escolha segura, pode não ser a melhor decisão a longo prazo. Explorar alternativas como a renda fixa internacional com hedge cambial pode oferecer potencial para rendimento adicional, diversificação e retornos positivos mesmo sob condições desafiadoras nos mercados.
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