Saindo do site PIMCO.com

Você está saindo do site da PIMCO.

Pular para o Conteúdo Principal
PIMCO Perspectives

O que os vigilantes da renda fixa tem a dizer

Diante das preocupações acerca do impacto do aumento dos déficits dos EUA sobre os títulos do Tesouro, vale diferenciar os investimentos em títulos por vencimento, classificação de risco de crédito e valor relativo global.

Os vigilantes da renda fixa (bond vigilantes, em inglês) são investidores que punem o excesso de gastos públicos exigindo maior rendimento da dívida soberana. Desde a década de 1980, quando o estrategista Ed Yardeni cunhou o termo, episódios de excesso fiscal levam a perguntas sobre quando esses vigilantes podem aparecer.

É difícil prever uma reação repentina do mercado a tendências de longo prazo. Não há um grupo organizado de vigilantes preparado para agir quando a dívida atinge um limite específico. As mudanças no comportamento dos investidores geralmente ocorrem na margem e ao longo do tempo. Portanto, quem procura pistas sobre o potencial de atuação desses vigilantes pode começar a investigação pelos maiores investidores de renda fixa, que teoricamente detêm mais influência no mercado.

Na PIMCO, já realizamos ajustes incrementais em resposta ao aumento dos déficits dos EUA. Estamos menos inclinados a emprestar ao governo dos EUA na ponta longa da curva de juros, preferindo outras oportunidades. Estas são nossas avaliações mais recentes.

Preocupações e oportunidades

O estímulo fiscal ajudou na recuperação econômica dos EUA no pós-pandemia, ao mesmo tempo em que embalou os mercados de ações para níveis recordes. Embora as ações possam subir mais, as valuations parecem mais esticadas. O prêmio de risco da renda variável nos EUA - a compensação oferecida pelas ações sobre uma taxa livre de risco - está próximo dos menores patamares em registro (veja a Figura 1).

Figura 1: Queda no prêmio de risco das ações nos EUA

Fonte: Bloomberg, MSCI e PIMCO, em 31 de outubro de 2024

Esse estímulo também embalou a disparada do endividamento dos EUA. Os níveis de dívida e déficit são altos mesmo no contexto atual de força da economia e provavelmente continuarão aumentando. Em novembro, em seu relatório semestral de estabilidade financeira, o Federal Reserve citou a sustentabilidade da dívida dos EUA como a maior preocupação dos participantes da pesquisa.

Considerando as possíveis implicações de investimento dessa trajetória ascendente da dívida dos EUA, favorecemos as três abordagens a seguir:

  1. Priorizar títulos de curto e médio prazo. Esperamos que a curva dos títulos do Tesouro dos EUA fique mais inclinada, em parte por causa da deterioração da dinâmica do déficit (para mais informações, consulte nosso comentário sobre economia e mercado publicado em julho “Dívida pública de mercados desenvolvidos: riscos e realidades”). Isso implica aumento relativo nos rendimentos dos títulos de longo prazo, que são influenciados pelas perspectivas de inflação, crescimento econômico e políticas governamentais — incluindo o potencial aumento da emissão de títulos do Tesouro para financiar déficits. Títulos de prazo mais longo geralmente têm maior duration, ou sensibilidade a oscilações nas taxas de juros.

    Temos reduzido as alocações em títulos com prazo mais longo, que consideramos relativamente menos atraentes. Com o tempo e em grande escala, esse é o tipo de comportamento de investidor que pode desempenhar o papel de vigilante da renda fixa, impondo disciplina ao governo ao exigir mais compensação. Preferimos vencimentos curtos e intermediários, que podem oferecer rendimentos atraentes sem que os investidores assumam mais risco de juros.

    Nós regularmente ajustamos as alocações ao longo da curva de juros para acomodar a evolução das nossas opiniões sobre duration e valor relativo. No entanto, o aumento da dívida soberana se tornou um fator de maior peso nessas decisões.


  2. Diversificar globalmente. Estamos emprestando recursos em mercados globais para diversificar nossas exposições às taxas de juros. O Reino Unido e a Austrália são exemplos de emissores soberanos de alta qualidade onde a posição fiscal é mais forte do que nos EUA. Esses países também enfrentam riscos econômicos maiores, o que pode beneficiar quem investe em títulos. Também gostamos de áreas de alta qualidade nos mercados emergentes, que oferecem rendimentos mais vantajosos do que os mercados desenvolvidos.

    Títulos de fora dos EUA também podem atuar como hedge da exposição à renda variável nas carteiras. Em uma comparação das políticas fiscais, faz sentido uma posição estrutural vendida no setor público dos EUA vs. setor privado. Na Europa, geralmente é o oposto — por lá, o impulso do crescimento se encontra estagnado e as reações fiscais seguem restritas.

    Resumidamente, a demonstração de resultados é mais forte nos EUA, mas a União Europeia tem um balanço patrimonial mais robusto. Trata-se de uma troca entre crescimento e durabilidade. Os EUA podem crescer, mas esse território do déficit é desconhecido. A UE tem dificuldades para expandir sua economia, mas tem conseguido enfrentar turbulências, como o Brexit e a crise da dívida na Grécia. No entanto, continuamos cautelosos em relação a alguns países europeus.

    No fim das contas, os EUA podem mostrar resiliência, porém a incerteza aumenta à medida que a dívida fica cada vez maior. O contrato social dos EUA — um grande crescimento impulsionado pelo déficit — estimulou enormes ganhos de produtividade e tecnologia, que beneficiaram empresas e investidores em ações no país (veja a Figura 2). Portanto, acreditamos que faz sentido assumir exposição a ações nos EUA e optar por exposição a dívidas na Europa.

Figura 2: Os EUA agora respondem por aproximadamente 75% do MSCI World Index

Fonte: Datastream, em 31 de outubro de 2024
  1. Buscar maior qualidade de crédito. Para empresas e governos, o aumento dos níveis de dívida pode afetar a qualidade de crédito. Preferimos emprestar para empresas de alta qualidade, tanto no mercado público quanto no privado. Os spreads de crédito estão próximos dos menores níveis históricos em alguns setores, com queda na recompensa associada à diminuição na qualidade do crédito a fim de aumentar o rendimento. Nos mercados públicos de crédito, títulos de alta qualidade oferecem rendimentos atraentes e parecem bem posicionados para diversos cenários econômicos. Nos mercados privados, preferimos o financiamento lastreado em ativos em detrimento do empréstimo direto a empresas com classificação mais baixa.

Vigilância antes do vigilantismo

Segundo algumas métricas, os investidores já estão exigindo rendimentos maiores para emprestar seus recursos no mercado de renda fixa. Em novembro, o menor rendimento possível no índice de referência Bloomberg US Aggregate Index superou a taxa básica em vigor do Federal Reserve pela primeira vez em mais de um ano. Isso também mostra que os rendimentos dos títulos se tornaram mais atraentes do que as taxas dos instrumentos de cash, à medida que o Fed começou a cortar a taxa básica de juros.

Paralelamente, ficamos mais reticentes em emprestar a longo prazo, diante das questões sobre a sustentabilidade da dívida dos EUA e os potenciais catalisadores da inflação, como tarifas comerciais e os efeitos das restrições à imigração na força de trabalho. Os EUA permanecem em uma posição singular porque o dólar é a moeda de reserva global e os títulos do Tesouro são o ativo de reserva global. Mas em algum momento, quando se toma empréstimos demais, os credores podem questionar sua capacidade de pagar tudo aquilo. Não é preciso ser um vigilante para apontar isso.

Autores

Fale um pouco a seu respeito para nos ajudar a adequar o site a suas necessidades

Termo de isenção de responsabilidade

Por gentileza, leia estes Termos e Condições de Uso (“Termos e Condições”) com atenção.
{{!-- Populated by JSON --}}
Select Your Location

Americas

Asia Pacific

  • The flag of Japan Japan

Europe, Middle East & Africa

  • The flag of Europe Europe
Back to top