Principais conclusões - Secular Outlook: Em busca da resiliência
O mundo está se fragmentando.
Essa fragmentação já estava em andamento desde a emergência da China como importante ator econômico e geopolítico e o resultante ceticismo dos governos ocidentais em relação a esse país. A guerra na Ucrânia ampliou essas fraturas geopolíticas e podem acelerar a mudança de um mundo unipolarizado para um mundo bipolarizado ou multipolarizado.
Na Secular Outlook de 2002, “Em busca da resiliência”, discutimos essas e outras tendências que afetam a economia global, os mercados e as políticas monetárias e fiscais e embasam nossa perspectiva e o posicionamento dos nossos portfólios nos próximos cinco anos. Esta publicação no blog sumariza nossos pontos de vista.
Médio prazo: alto risco de recessão
Vemos um alto risco de recessão nos próximos dois anos, refletindo o maior potencial de tumultos geopolíticos, uma inflação persistentemente elevada reduzindo o poder aquisitivo das famílias e o intenso foco dos bancos centrais no combate à inflação, o que eleva o risco de acidentes financeiros além do já observado aperto das condições financeiras.
Além disso, se e quando a próxima recessão chegar, esperamos respostas monetárias e fiscais mais reservadas e tardias do que as observadas nas últimas recessões, quando a inflação não era uma preocupação e os níveis de dívida dos governos e os balanços dos bancos centrais eram menos inchados.
Por diversas razões, acreditamos que a próxima recessão não será tão profunda quanto a Grande Recessão de 2008 ou a crise repentina causada pela COVID em 2020, mas poderá ser mais prolongada e/ou a recuperação que se seguirá poderá ser mais lenta devido a uma resposta menos vigorosa dos bancos centrais e governos.
Tema secular: em busca da resiliência
Em um mundo mais fragmentado, governos e dirigentes de empresas se concentrarão cada vez mais em segurança e resiliência:
- Com o risco mais real de um conflito militar após a agressão da Rússia contra a Ucrânia, muitos governos, principalmente na Europa, anunciaram planos de aumentar os gastos com defesa e investir em energia e segurança alimentar.
- Muitos dirigentes de empresas estão procurando criar cadeias de abastecimento mais resilientes por meio de diversificação global, near-shoring e friend-shoring. Essas iniciativas já estavam em andamento em resposta às tensões comerciais entre os EUA e a China e também porque a pandemia da COVID demonstrou a fragilidade das cadeias de valor elaboradas. Agora, devido à maior insegurança no cenário geopolítico, é provável que essas iniciativas se intensifiquem.
- Além disso, em resposta aos riscos climáticos e à crise causada pela COVID, muitos governos e empresas já aumentaram esforços para mitigar e se adaptar ao aquecimento global e melhorar a segurança sanitária dos seus cidadãos e funcionários.
Temas de investimento
A partir de agora, em vez de buscar rendimento, os investidores buscarão formar portfólios resilientes, procurando desenvolver uma alocação de ativos mais robusta diante de um ambiente de incertezas quanto à volatilidade macroeconômica, à volatilidade de mercado e ao apoio dos bancos centrais. De nossa parte, procuraremos construir portfólios mais resilientes para os clientes e nos beneficiar nos períodos de volatilidade de mercado.
As valuations iniciais, mesmo após presenciar mercados de ativos mais fracos nos últimos meses, e nossa perspectiva de cenários macroeconômico e de mercado mais voláteis exigem expectativas baixas e realistas em relação aos retornos nos mercados de ativos no horizonte secular.
Dessa forma, os rendimentos dos títulos de renda fixa referenciais tiveram uma recuperação em relação aos valores mínimos atingidos durante a COVID. Portanto, acreditamos que os mercados futuros estejam precificando ou perto de precificar nosso cenário-base de altas seculares das taxas de juros.
Prevemos retornos positivos para a maioria dos títulos de renda fixa referenciais no horizonte secular. Dessa forma, os títulos de renda fixa com rendimentos mais altos devem ter um papel importante na criação de resiliência para os portfólios diversificados.
As estratégias de crédito privado podem ser um complemento interessante para as alocações em crédito público, embora vejamos excessos em algumas partes desses mercados. Esperamos favorecer o crédito corporativo de maior qualidade e procuraremos oferecer liquidez, em vez de exigir liquidez, em períodos de estresse no mercado de crédito.
Diante das pressões inflacionárias, consideramos hedges a preços razoáveis os Treasury Inflation-Protected Securities (TIPS), as commodities e alguns investimentos globais vinculados à inflação. Os imóveis também podem servir de hedge contra a inflação, especialmente nos setores multifamiliar e de autoarmazenamento, nos quais os aluguéis costumam durar menos de um ano.
Esperamos que os mercados de ações ofereçam retornos menores do que aqueles que os investidores tiveram desde a crise financeira global, reforçando nosso foco na qualidade e a importância da seleção cuidadosa.
Esperamos que os mercados emergentes ofereçam boas oportunidades, mas enfatizamos a importância de um investimento ativo para identificar os prováveis vencedores e perdedores em um ambiente de investimento difícil.
Para mais informações sobre nossas perspectivas para a economia global e as implicações para os investimentos ao longo dos próximos cinco anos, leia a íntegra da Secular Outlook, “Em busca da resiliência."
Joachim Fels é Consultor Global de Economia da PIMCO, Andrew Balls é CIO de Renda Fixa Global e Dan Ivascyn é CIO do Grupo PIMCO.